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O CAIXÃO

  • Foto do escritor: Nei Damo
    Nei Damo
  • 6 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

História 08 da série Humor no Trecho

Na construção de um trecho rodoviário, quanto à mão de obra, existem equipes de trabalho para cada etapa, desde a instalação do canteiro, como é chamado o lugar do escritório, laboratório e oficina, até a inauguração com a liberação ao tráfego.

Em cada equipe existe um chefe, ou encarregado. Assim, está no organograma o chefe do laboratório, o chefe do escritório, o encarregado da drenagem, o encarregado da pavimentação, entre outras tantas funções.

No comando destes chefes e encarregados, está o Encarregado Geral, que faz a ligação de todas as equipes com o Engenheiro Chefe, também chamado de Engenheiro Residente ou, simplesmente, Residente.

Um encarregado Geral é um líder e, para se manter nesta posição, ele pode ser autoritário e rude, ou, pode comandar sendo suave e amigo. Assim era o Encarregado Geral de uma empresa, onde, numa viagem de retorno à obra, teve morte súbita num lamentável acidente. A notícia logo chegou a todos, e o Engenheiro Chefe, que também era um dos donos da empresa, tomou a dianteira nos preparativos de recebimento do corpo.

— Fulano! Pegue mais uns três e vão até a funerária acertar tudo e escolher um caixão!

No velório, como não podia deixar de ser, estava aquele clima de tristeza, até que um sugeriu ir até um bar próximo para beber e conversar. Entre eles, o Engenheiro Chefe. A bebida correu solta entre os tantos causos de obra vividos pelo encarregado.

— Lembra aquela vez que ele ajudou o servente que quebrou a perna?...

— Lembra quando deu uma tormenta feia e ele saiu do refeitório para empurrar o carro atolado do Fulano?...

E as histórias seguiam, até que um dos presentes falou:

— Pois é... e agora ali está o nosso amigo, naquele caixão de pobre, feio...

E o assunto virou que o homem merecia um caixão melhor e, tanto beberam e tanto falaram, que o Engenheiro Chefe decidiu:

— Vocês vão lá na funerária e peguem um caixão melhor.

Três horas da manhã e debaixo de muito trago, lá foram três tratar do assunto e, não escolheram um melhor, mas sim o melhor e o mais caro, coisa de umas oito vezes o preço do primeiro. Uma suntuosidade de caixão.

Eram por volta das quatro horas da manhã quando o pessoal da funerária adentrou no velório e, pedindo licença para as poucas pessoas que estavam ali, esvaziaram o recinto, colocaram os dois caixões no chão, e fizeram o translado do corpo.

Na manhã do dia seguinte a surpresa com a mudança do caixão foi geral, como não poderia deixar de ser e, em alguns dias, passada a comoção do triste acontecimento, começaram as gozações para cima do trio que, num evidente estado de embriaguez, fez a mudança:

— Fulano! Olha! Quero te convidar para o meu enterro, que eu quero ir num caixão daqueles.

— Beltrano! O meu eu quero cheio de bandeirinhas do Flamengo! Não esqueça!

— Sicrano! No meu enterro eu quero um daqueles! Bote também umas luzinhas coloridas acendendo e apagando. Quero que fique lindo de morrer!

 
 
 

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